Antena parabólica

Nada de bom passando na TV. A antena parabólica foi criada para proporcionar uma pseudo-satisfação passageira nas pessoas, funciona assim: você, que está cansado de assistir aos canais abertos e não tem grana pra TV a cabo ou por assinatura, resolve comprar uma antena parabólica pensando em como seria bom ter 30 canais para escolher. Você pergunta a opinião da sua esposa e ela concorda, sabendo que vai ter mais novelas e programas de culinária pra ver (digo isso sem nenhum machismo, juro), aí você conta para sua filha que logo exibe um sorriso enorme pensando que vai ter Cartoon Network (doce ilusão). Depois dessa rápida pesquisa de opinião você vai até a loja mais próxima e compra, todo feliz, afinal eles instalam de graça. Pronto.

                Logo na primeira experiência televisiva com a parabólica você nota que alguns canais são repetidos, normalmente aqueles que todo mundo adora ver como o de venda de tapetes e o de leilão de gado (que você não assiste porque se fosse fazendeiro você teria SKY). Mas não tem problema, você dá a si mesmo uma daquelas desculpas do gênero das que a gente usa quando quer continuar se enganando, como dizer que estava tão barato que não podia mesmo ser perfeito, e segue mudando os canais. No começo é legal, mas depois de um tempo começa a ficar chato. Tudo bem, você pode curtir um documentário da TV Escola sobre como os répteis se aquecem ou sobre a reprodução dos gafanhotos africanos , mas na próxima semana eles repetem os mesmos programas e você poderia se surpreender com a velocidade com que esses documentários podem se tornar chatos depois da terceira vez que se assiste.

Com o tempo suas opções vão diminuindo, existe um programa em que uns cientistas têm que construir coisas usando apenas matéria prima de um ferro-velho. Você pode se divertir um pouco torcendo pra dar tudo errado e eles se ferrarem, mas eles também começam a ficar repetitivos com o tempo e você já sabe que vai dar tudo certo. Se você é consumista vai adorar ficar vendo o Polishop pra comprar todas aquelas coisas inutilmente úteis, e você nem precisa estar no canal deles porque as propagandas também passam nos outros canais (Mas você também não vai querer assistir porque se você tivesse grana pra comprar tudo aquilo, repito, você teria SKY). Logo você não vai mais agüentar ver as mesmas coisas e vai se flagrar dizendo que pelo menos a imagem do SBT é melhor do que na antena comum. Recentemente o ânimo da comunidade parabolística (e o Word insiste em sublinhar essa palavra, ele não sabe que eu não estou nem aí se ela existe...) foi parcialmente resgatado com a chegada da Mtv, só não sei até quando.

Não posso generalizar e dizer que é assim com todo mundo, mas comigo foi.

Dedicado a Matheus Hilário( ele faz juz ao sobrenome)